terça-feira, 12 de novembro de 2013

A vida é...

A vida é...

A vida é como uma viagem de trem!
Com estações, cidades e estradas.
Flores em algumas paisagens,
pedras ou espinhos em outras.

Às vezes, numa noite tenebrosa,
um temporal imenso!
Ou um dia primaveril,
onde tudo nos sorri.

Pode ser uma longa viagem...
Ou apenas um pequeno passeio!

É um trem que nunca para,
ou para apenas para que
uns entrem e outros saiam...
... incessantemente

Regina Helena

Ocaso de mim...

Ocaso de mim...
(regina helena)

Raia o Sol de um novo dia:
- Os pássaros saúdam a alvorada,
as flores se abrem e os rios cantam.
As águas parecem mais cristalinas
e o viver mais intenso!

Assim também foi a minha vida.
Amando loucamente não pensei
que um dia, sozinho, contemplaria
o amanhecer ou as estrelas no Céu.

Já não há um novo começo!
No ocaso da minha vida,
já não há brilho, já não há luz.
As crianças não cantam,
e nem os rios transbordam!

A passarada se despede em bandos,
como se não quisesse ver o fim do dia.
Assim como eu não quero,
nem posso, suportar o meu fim...

Espectro de Mim

Espectro de Mim
(regina helena)

Como nau perdida na noite,
sem destino, sem horizontes...
Assim eu sou:
- Espectro do que fui.
Apenas um vulto,
cara a cara com a solidão.
Sem rumo, sem certezas,
sem perspectivas...
Sem você.

Uma sentença em aberto...
Sem ponto final!

Vidas paralelas

Vidas paralelas
(regina helena)

Seguias o teu caminho
e eu o meu:
- Direções opostas,
linhas paralelas...

O meu amor te chamou,
e vieste viver comigo,
na loucura do impossível,
essa paixão insana...

Como em imagem de sonho,
eu te vi partir.
Sair da minha vida
e voltar à realidade,
ao lugar que é teu...

Embora como louco
o meu amor gritasse,
eu não pude te conter!

Seguiste o teu caminho
e eu o meu:
- Direções opostas,
linhas paralelas:
“Infinitamente separados”!

Apenas uma chama…

Apenas uma chama…
(regina helena)

Uma estrelinha cadente
brilhou por instantes em nosso Céu
Irradiou sua luz, nos deu paz,
nos encheu de esperanças,
deu sentido à nossa vida,
motivos para viver... e Passou!

Refulgiu e apagou na mais longa
e escura noite das nossas vidas.

Levou com ela a esperança,
entristeceu nossa casa,
e calou nosso canto!

Era apenas uma chama...
Tão pequenina e frágil,
mas preciosamente inesquecível.

Estava no nosso destino perder esse sonho,
longamente acalentado no peito...

O seu Céu não era o nosso,
e ela foi brilhar em outros horizontes...
Ou quem sabe ainda,
foi chamada para compor junto aos anjos,
um coro ao Criador.

para Andréa

para Andréa
(regina helena)

tão pequenina, meu anjo, onde andas?
te vi tão pouco, apenas um momento
e então, te levaram para longe de mim.

precisavas respirar e eu,
ali fiquei, olhando o teu vulto e sem saber,
que era para nunca mais te ver.

céus, estrelas, outras dimensões,
universos paralelos, dobras no tempo e,
quem sabe em um momento, ainda aqui,
se abra uma portinha, meu amor...

...e a gente possa te ver mais uma vez
viver o sonho, acalentar no peito,
nosso primeiro amor, que veio aqui,
como raio de luz, de intenso brilho
e se apagou.

AMOR PRIMEIRO

AMOR PRIMEIRO
(regina helena)

Lembro com saudade os tempos idos
Nossa alegria quase de criança

Nos parques, na pracinha,
na calçada da igreja, a bandinha
fazendo nossa trilha, a música no ar...

A esperança, os sonhos construídos,
o primeiro beijo...  o beijo do amor primeiro.

O conforto da tua mão amiga,
que, com apenas um afago
me calava as lágrimas

Então a aliança... a primeira aliança
ornada de perolas pequeninas...

A despedida, a dor de te ver partir
anos e anos de saudade
idas e vindas, incertezas

um sonho vivido
cheio de encantamento  e dor...
sofrer, chorar, lutar...  sorrir!

E, ao acordar, todos os dias
ver que se tornou realidade.

Réquiem para minha dor

Réquiem para minha dor
(regina helena)

Vieste para mim quando o amor se foi.
Ocupaste o lugar de quem tantas vezes
sentiu comigo a brisa acariciando a pele
e levando  o nosso cheiro para alem dos ares.

Foste a companheira da minh'alma
e, ao me fazer chorar, eras também
o alento,  o alimento, o remédio,
o conforto, enfim,  o que restou.

O dia amanheceu sombrio, com cor de despedida.
Nunca mais  verás minhas lágrimas cairem,
nem ouvirás a tristeza do meu cantar.

E hoje, no dia do teu fim, estou contigo...
Desfaço-me de ti, antes que tu me convenças
a me desfazer de MIM, por não mais te suportar.

PÂNICO

PÂNICO
(regina helena)

É pela noite que me chegas,
com a face da morte me enfrentas
e me arremessas num inferno,
num porão sem fim...

colocas-me a vida em cheque,
em minhas mãos... e me emudeces...
sem chance... louca e sem vida,
nem me deixas aniquilar a consciência!

Uma brincadeira cruel do meu destino,
morrer mil vezes em tuas mãos!
Não há para onde fugir... não há saida...

de que me valem mil horas de alegrias
se passo um só minuto contigo?
ou, que me adiantaria viver mil anos
se tivesse que ver tua morte uma única vez?

De que mundo vens, quem te criou?...
tu, que tens o poder de me deixar em pânico
e me levar à lividez das faces
ante à própria sensação de EXISTIR?!!!

O Fim...


O Fim...
(regina helena)

e então, seguíamos na longa caminhada
pasmos, lívidos ante a dor medonha...
e em nosso rastro, a solidão da noite
a nos contemplar, sombria e muda!

parecíamos zumbis, calados, tristes...
entre um suspiro e outro,
a dor se revelando... e a noite,
parecia só nossa, calma, cúmplice...

mas, numa curva qualquer desse caminho,
pessoas em festa! um cão latindo,
crianças brincando! casais sorrindo!
gritos de alegria. Dança!

Eles não veem a nossa dor passar?
não sabem que o céu desabou sobre nós
e a terra se abriu e nos deixou sem chão?
Como podem viver, se a morte passa?!!!

e então, em meio à dor, o entendimento!
o inexorável, o inevitável fim,
vem para todos! mas naquele dia,
era a nossa vez, e a dor, só nossa!


Saudade

Saudade
 (regina helena)

nas linhas da vida,
o tempo da morte!
soluços, lágrimas...
restos de amor...

na manhã de dor
de tudo o fim
o fim da esperança:
- retalhos do adeus.

no chão orvalhado
de dor e de pranto,
do triste caminho,

o fim da estrada!
consumado o fato:
agora... a saudade!


(sem verbo)

Contigo

Contigo

nas brumas do escuro mar
ou nas areias frias de um deserto
num breve segundo, a eternidade
nas tristes sombras da saudade
impensada dor da minha treva

depois, de tão cansada caminhada
de solitária dor, alma sofrida
pelos  caminhos rudes desta lida
contigo, em meus braços, minha vida,
...impensada luz da minha treva

(uma brincadeira de fazer poesia sem verbo)

Sem você

Sem você
(regina helena)

Como será a manhã
do desalento de ver você partir...
Como será esse caminhar sem esperança...
Como será amanhã ao anoitecer
quando as luzes se acenderem
e já não tiverem brilho
Como será o dia após a dor,
o dormir sem esperança,
o caminhar sozinho.

Como vou fazer no amanhã
Você me deu tantas diretrizes
Mas não me ensinou
como eu viveria sem você
Planejamos tanto, amamos tanto...
E agora o que me resta
Carregar a dor, olhar sem vê...
Suportar a vida sem você!

AINDA ASSIM...

AINDA ASSIM...

ainda que se apague a última estrela do meu céu
ou que se cale o cântico de esperança que há em mim
ainda que murche cada flor e fujam os pássaros
nem mais exista futuro a me sorrir

ainda que todos os meus sonhos venham a fenecer
ou se de tanto chorar meus olhos fiquem secos
ainda que a dor se agigante em minha vida
ou se o medo se tornar meu companheiro

ainda que esmaeça o brilho dos meus olhos,
ou que desabe sobre mim a solidão
e eu já não queira esperar o  novo dia...

*...Ainda assim, eu me alegrarei em Ti, meu Deus
E exultarei na Tua presença, e Te louvarei
Pois és o meu Deus, e Senhor da minha salvação!

Regina Helena
(*Habacuque  3: 17-18)

Aquela Estrela

Aquela Estrela
(Regina Helena)

...e ela ainda está lá, meu pai,
com todo o brilho de antes,
como eu a via, há tanto tempo atrás.

Me fez lembrar meu caderninho,
onde escrevia sonhos e rabiscava ilusões.

E você estava lá. Na nossa vida.
Uma presença tão grande,
como  grande hoje é a saudade.

De repente,  olho para o céu,
e vejo aquela estrela brilhante -
aquela mesma -  que me fez sonhar.

... e hoje, meu pai,  acordei de vez:
- ela é a mesma! Sempre esteve ali.

Nós é que mudamos. Você partiu. A ficha caiu.
O tempo está no mesmo lugar e nós...

...passamos por ele, perdendo pelo caminho
o encanto, o brilho e os sonhos.
E encontrando no hoje,  só saudade.

Aba da Serra II

(Imagem do Google, para ilustração)

Aba da Serra II
(Regina Helena)

Nesse cantinho abandonado já teve vida,
e vida abundante!

O gado pastava nos capinzais
e o algodão brilhava sob o sol inclemente.
Era uma linda vista para a nossa calçada.

Posso ainda ouvir o silvar do vento,
sentir o cheiro do mato... e até ver,
com olhos do passado, a nossa vida.

A gente fantasiava em cima da realidade
e era como se fosse um céu na Terra.

Nosso pé de cajarana “morria”,
mas nascia de novo na floração.
E para nosso encanto,
vestido de verde com florzinhas claras.

Um primor! Um esplendor de Deus.

Ali fomos muito felizes.
Alguns já não existem...
Nem o pé de cajarana, nem o plantio do algodão,
nem o gado pastando...  e nem a alegria.
Só a Saudade!

ABA DA SERRA

ABA DA SERRA
(regina helena)

Tudo em ti me fascina!
O Sol que te queima, a chuva que te renova.
A alegria da passarada ao amanhecer,
e a melancólica despedida ao fim do dia.

Tuas árvores contam histórias de mim,
que só tu conheces, e os teus riachos
cantarolam as minhas saudades.

Cada folha que cai, cada ramo que nasce,
renovam o meu amor por ti,
e me levam de volta ao meu mundo.

Amo teu solo... O solo que me viu nascer.
Sou parte de ti. Tua composição está em mim,
entranhada na minha pele e em minha alma.

Onde quer que eu esteja, é em ti que estou!
Ainda que eu vá ao fim do mundo,
é em ti que eu viverei para sempre.

Sem ti!

Sem ti!
(regina helena)

Contemplando o tempo se escoar,
passam diante de mim horas, minutos,
dias... Enfim o ano inteiro passa...
E, como se ao fim de uma estrada,
vejo ao longe apenas o teu vulto.
Em que curva desse caminho eu te perdi?
Em que momento abri espaço
para que saísses da minha vida?

E, como se compondo uma louca melodia,
nos meus mais desvairados sonhos,
refaço tudo... Abro a porta e te vejo entrar...
E a vida volta! E com ela, minutos, horas,
dias... Enfim, o ano inteiro pára...
Enquanto eu volto a viver...

Sem esperanças

Sem esperanças
(regina helena)

A noite se aproxima, e com ela, o vento frio da dor.
Nem sei o que mais temo,
se à noite, ou o novo amanhecer...
Tudo é igual... Sempre a sensação de perda,
da falta de esperança, que para mim não renascerá,
pois já não há tempo... Eu te perdi!

Dentro de mim te busco desesperadamente,
na lembrança da tua pele,  do teu sorriso...

Mas só encontro o mesmo frio,
do medo e da solidão,
que preenchem o vazio que você deixou.

Se eu pudesse, transformaria essa dor em canto!
Um canto cheio de nostalgia, de tristeza e desesperança...
Um canto de apenas três acordes:
- Dor, saudade e solidão!

Um canto de solidão

Um canto de solidão
(regina helena)

Dentro de mim há um canto de saudade
que teima em invadir meu coração.
Ainda que o mundo inteiro
esteja ao meu redor, ele está comigo.

Tento fingir que não o ouço
e o calar me assusta,
pois o que me sustentará se a saudade se for?

Insensato coração
que aceita a loucura dessa dor!

Sinto um grito que não ouço
quando meu corpo me pede paz
e ouço o canto do silêncio
que fala mais alto e teima em estar comigo
em forma de saudade.

Noites insones, medo, lembranças...
Essa é a angústia desesperada do meu ser:
- O abandono dos que se perdem
para nunca mais se encontrar.

VIDA



VIDA

(regina helena)

Morte não rima com vida,
como luz não rima com trevas...
e nem andam juntas!...
São extremos que jamais se tocam,
embora se atraiam!

Não dá pra viver os dois.
Ou se morre... ou se vive!
O “morrer”, é certo!
O “viver”, é opção!

Quem vive pode buscar a morte,
quem morre, não tem como buscar a vida!

Então, espera... não busca o fim,
ele virá por si só, queiras ou não!
Escolhe, pois, a VIDA!


Vem...


Vem...
(regina helena)

vem, me dá tua mão
me aperta junto a ti
esquece por um tempinho só
o impossível...
deixa de olhar para mim
como se eu pudesse ser o teu passado
para que eu deixe de te olhar
como se pudesses ser o meu futuro...

vem, me toca ao menos uma vez
fecha os teus olhos e me abraça
 para que eu possa esquecer
que és tão visível quanto inatingível,
embora ocupemos o mesmo espaço...

vem, fica junto a mim,
que importa o tempo?
sendo bom, parecerá sem fim
e será suficiente para que
as nossas almas fiquem marcadas
pelo nosso amor e,  silenciosamente,
sussurremos uma prece...

para que então,  em outra eternidade,
embora além, bem além,
nos reconheçamos
e vivamos esse amor
no mesmo tempo e no mesmo espaço.

Eu te amo...

Eu te amo...
(regina  helena)

Como um raio de luz que invade as trevas,
entraste em minha vida.
E eu, sobrevivente do medo e da dor,
reconheci em ti o meu anjo,
aquele me conduziria pela mão
para uma vida mais amena.

Chegaste de mansinho, timidamente,
e aos poucos, foste conquistando espaços,
até que te tornaste o dono de todos eles.

Substituíste com tua presença
a escuridão da minha vida pela luz da tua.

E eu, rica do teu amor e pobre de mim mesma,
apenas te dou a certeza do que,
sempre te amei... E te amarei
para todo o sempre!

FANTASIA

FANTASIA

Fantasia é alguma coisa fascinante.
Ela está na sua cabeça, sob seu comando.
Você pode acabar com ela,
pausar, adiar, anteceder. Você pode tudo:
-  decide, intensifica, esfria, esquenta e,
todas as decisões são suas.

Tudo tão confortável...
até o dia em que se torna realidade.

Mas, uma fantasia pode se tornar realidade?
Poderia um círculo se transformar num quadrado?

Assim é uma  fantasia que se torna realidade:
- Deixou de existir. Virou vida real.

Já não é decisão só sua,
não será  a sua vontade que estará no comando,
e você não decide quando ou como acabar!

Então, é melhor deixá-la no seu devido lugar!

sábado, 5 de outubro de 2013

PARA QUÊ?


PARA QUÊ?
(Afonso Lopes Vieira)

Como quem para ao fim de uma jornada
extenuado, exangue,e foi deixando
o seu sangue no pó da imensa estrada
por onde vinha há muito caminhando...

E sua vista, de chorar quebrada,
ao caminho que andou e vai botando,
e enfim reconheceu que andou pra nada
e para nada foi que andou penando...

Assim eu, que gastei o sentimento
pus nua a alma, e escrevi com sangue
o que em meus olhos a tua alma lê.

Pergunto ao fim do áspero tormento:
- alma que vais perdida e vais exangue,
pra que choraste e andaste... para quê?